28 de fev. de 2016

“Precisa-se de um jardineiro”

*por Vítor Andrade
Estou construindo minha casa, mas para que ela fique perfeita, sem erros, sem defeitos, e para que nela possam habitar pessoas boas, preciso de um belo jardim, e para que ele fique ideal é necessário contratar um excelente jardineiro.
No entanto, serão necessários alguns requisitos: o jardineiro deve ter boa qualificação. Curso universitário, ser cuidadoso, paciente, responsável, pontual, ter boa aparência, ter amplo e notório conhecimento de vários assuntos. O jardineiro deve cuidar de todas as plantas do jardim de maneira igual, respeitando a pluralidade das flores e das plantas, todas, apesar das diferenças, devem ser bem tratas, afinal todas terão a função de beleza da casa, todas as plantas tem uma função, umas darão sombra, outras cores, outras serão medicinais, outras terão a função de servir abelhas e beija-flores.
O candidato à vaga, portanto não pode deixar nenhum vaso cair, não pode deixar nenhuma flor ou planta morrer, deve regá-las todos os dias, adubar, por ao sol, devo lembrar que deverá ter muita cautela, pois nesse jardim teremos além de plantas, também algumas sementes, essas são as mais preciosas, pois devem germinar, algumas já são quase árvores e essas deverão virar árvores, e as que já são árvores deverão ser cuidadas para gerar frutos. Antes que eu esqueça o candidato deverá levar para sua casa alguns vasos, que deverão ser pintados, limpos e depois trazidos para o jardim para colocar mais plantas, ou transportar de um vaso menor para o maior, portanto você sempre levará trabalho para casa.
Sobre o emprego: terá férias em janeiro e um recesso no meio do ano, no frio deverá aquecer as plantas com seu conhecimento e no calor compartilhar sua alegria quando as plantas exalarem seus perfumes, fará planejamento diário de seu trabalho, e deverá verificar se todas estão postas no jardim, durante o ano você terá 200 dias para deixar tudo em ordem. Aviso que a remuneração não é tão boa.
Professor-jardineiro, cuidando todos os dias do jardim da educação e da vida de seus alunos, merece respeito, merece remuneração digna, merece moradia, qualificação, saúde, segurança no trabalho e aposentadoria digna, pois no imenso jardim que é o país ainda não tem reconhecimento por parte de quem deve valorizar seu trabalho, e o professor – jardineiro jamais pode desistir da semente, e jamais podemos desacreditar no jardineiro.
Precisamos do jardineiro, mas precisamos também do beijar –flor, que se alimenta das flores, mas que também semeia, da abelha que se alimenta do néctar que transporta o pólen, que produz o mel, e outras espécies que se beneficiam direta ou indiretamente das flores e das plantas, esses elementos são, escola , família e comunidade, quando nosso jardim for belo a nossa casa estará pronta e arrumada.
Obrigado professor, cuidando sempre de nosso jardim!
Vítor Andrade
Professor de história
pós graduado em sociologia

Matemática na Prática


Matemática na prática
*Profº Vítor Andrade

Seguindo as orientações do  Ministério da Educação – MEC, a educação básica passa a ter 9 anos e no 1º ano do ensino fundamental  a criança deve ingressar aos 6 anos de idade. De acordo com a lei 10.172 de 2001 meta a ser atingida segundo  o PNE que diz: “oferecermaiores oportunidades de aprendizagem no período da escolarização obrigatória e assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças prossigamnos estudos, alcançando maior nível de escolaridade”.


Pais e mestres devem estar atentos essas novas mudanças, principalmente na educação dos anos iniciais, pois alunos não podem avançar na idade e na vida escolar com déficits oriundos de anos anteriores, e matérias que mais apresentam dificuldades são justamente matemática e português, porque segundo o próprio Piaget algumas habilidades ainda não foram desenvolvidas  não podendo se atribuir  à linguagem,a origem da lógica, pois ela constitui o núcleo do pensamento racional. Na prática ensinar as disciplinas puramente pelo simples fato de ensinar, não contribuirá para o desenvolvimento, assimilação e aprendizagem das crianças, pois elas estão com a mentalidade associada a ações práticas.


Se você ensinar o Hino Nacional a uma criança ele pode aprender, simplesmente repetindo o que está sendo ensinado, ou seja, “Meros papagaios”, mas se for ensinar a postura correta, o porquê do Hino, sobre a bandeira, explicando palavras da letra ela despertará interesse, assim em aprender Ciências, Geografia, História. Na língua portuguesa os erros ortográficos são recorrentes, pois muitas vezes elas escrevem como pronunciam as palavras, sendo corriqueiras dificuldades com dígrafos, acentuação, porém tudo será sanado com o tempo. Por falar em Matemática, Eu utilizei métodos matemáticos com uma criança de 6 anos, ou seja no primeiro ano do ensino fundamental assim que começaram as atividades de sistema de medidas,volume e operações.


Para uma criança de 6 anos você pode ensinar matemática  brincando. Use tudo que a imaginação permitir assim como as dicas abaixo:
Para ensinar operações primeiramente eu iniciei com a soma pois para a criança assimila que cada vez que acrescento algo na operação ela aumenta é mais fácil que iniciar com a subtração que dá, de certa forma, uma idéia de perda. Faça um circulo no chão e adquira bolas de gude de cor branca e de cor preta, a brincadeira consiste em distanciar-se  do circulo e fazer com que as bolas  parem dentro, após isso vá fazendo a soma 1bolinha ( no centro do circulo)+1bolinha ( no centro do Circulo) são 2bolinhas, e assim vá aumentando até ela se acostumar com a soma, é legal usar 10 bolinhas pois ela pode utilizar os dedos para fazer somas simples quem colocar mais bolinhas no circulo vence, e os números pares são de maior assimilação.


Para Subtração use o mesmo sistema circulo e bolinhas. Agora todas as bolinhas estão no centro você pode jogar uma vez e a criança outra, marca-se a distância e quem  colocar mais  bolinhas para fora do circulo utilizando outra (maior), vence, daí faz-se o seguinte pergunta a criança: temos 10 bolinhas você pois uma para fora quantas ficaram? Ele pode tirar duas ou mais daí faz-se a operação. Lembrando que ela só pode tirar de uma cor ou de outra (preta ou branca) que ela escolheu.


Pode se também no sistema de medidas utilizar as pipas, peão ou papagaio como queiram, pega-se a linha da pipa e a cada 1 metro  amarre uma fitinha como as da rabiola, quando você for descarregando a linha verá quantos metros ela subiu, e pode-se pedir a criança para contar quantas fitinhas subiram e daí explicar quantos metros. Quando for enrolar a linha faça a conta inversa, digamos que você descarregou 10 metros de linha, portanto tem 10 fitinhas na linha e agora está enrolando para guardar, conte: enrolou 1 fitinha ,ou seja  10-1 igual a 9 e assim até o final.


 E para explicar o sistema métrico você pode utilizar 100 palitinhos ( pode ser de churrasco, lápis ou algo parecido) e mostrará que cada 1( palitinho)  corresponde a 1 centímetro e  a cada  100 centímetros igual 1 metro, Depois da brincadeira faça uma bela limonada, peça a criança para pegar os limões, pega um, pega outro e depois pergunte quantos limões têm, faça continhas do tipo partir um limão ao meio, ou seja metade + metade 1 inteiro, peça a criança para colocar os copos de água dentro do liquidificador  e conte com ela quantos foram, assim como nas medidas de açúcar. Depois de utilizar esses métodos e outros que você criar, vá ao papel e o velho lápis e a ensine no método tradicional e vá lembrando das brincadeiras.


Outra brincadeira interessante é o dominó, use um dominó colorido, pois a criança a principio assimilas as cores, ou seja o azul é o terno, o amarelo a quina e por aí vai, uma hora ela ai  associar as cores as números, e assim em tempo estará jogando dominó preto e branco, pois já sabe os números, com o tempo estará fazendo as contagens do jogo.


Essas são apenas dicas. Cada pai e cada professor têm seu método, mas tem pais e mestres que não tem nenhum, e aqui as ideias servem apenas para clarear, o interessante é que inventem jogos e compartilhem com os outros, e que essas dicas devem ser feitas por etapas, uma por vez, é necessária também muita, mas muita paciência afinal está lidando com crianças e elas não tem a habilidade dos adultos.


Portanto não as xinguem, não grite, tenha calma você está lidando com o futuro e o futuro a gente trata com carinho e amor, brincando elas começarão a associar a matemática na prática e começarão a perceber que matemática pode ser uma coisa prazerosa, assim como qualquer outra disciplina o que vai fazer a diferença é o método com que está sendo levado até elas, e como elas absorverão o que foi ensinado, as dicas podem parecer bobas mas para uma criança em fase de aprendizagem, elas podem fazer grande diferença, ficam mais interessantes que ensinadas no papel. Os pais devem participar desse processo e não deixar apenas por conta da escola, esses métodos eu utilizei e  deram certo e espero que continuem dando certo por muito tempo.


Profº Vítor Andrade
Professor de História
Pós Graduado em Sociologia


“Mestre não é aquele que aprendeu a ensinar, mas aquele que ensina a aprender.”

Marcelo Soriano




O depósito do ensino

*Vítor Andrade



O conceito de depósito é amplo. Depósito pode ser um local destinado à reserva de alguma coisa ou objeto, ou simplesmente um lugar separado, reservado, onde se deseja colocar algo de pouca importância, ou que deva ser isolado, ou pode também ser um lugar de por algo de grande valor ou importância.

A escola está parecendo um depósito; é lá que eu deposito diariamente meus filhos. Mas de qual depósito estamos falando? É um lugar onde eu o deixo por que tenho que trabalhar e não tenho com quem deixar? Um lugar que deixo para ter sossego em casa? É um lugar onde eu quero que ele vire uma pessoa digna? É um processo que todos têm que passar? Ou é um lugar no qual quero depositar meu tesouro?

Professores não podem assumir papel de pais, até mesmo porque muitos têm seus filhos, mas todos os dias se deparam com dezenas de tesouros depositados em suas mãos, e estes por sua vez merecem um tratamento diferenciado. Quando há acompanhamento escolar em casa, o depósito fica mais seguro, a estudante fica confiante, o professor terá mais tempo para abordar mais coisas, trazendo sempre algo novo, pois terá menos dúvidas para sanar em sala de aula. Entretanto, não adianta os pais depositarem a função de acompanhamento escolar nas mãos de um reforço escolar, ele deve ser apenas uma complementação, ou simplesmente depositar os filhos nas mãos dos psicólogos, psiquiatras, e achar que a solução  de problemas estão em remédios e depositar neles valores e soluções  que só o ninho familiar pode dar.

A sociedade deve depositar sua confiança nos professores, e depositar confiança não é o mesmo que depositar dinheiro no banco e confiar no gerente e esperar um lucro depois. Depositar confiança no professor é acreditar que o futuro só será melhor se ele estiver bem, e a escola estiver sadia; não é apenas de boa remuneração que o professor necessita, precisa também que as pessoas confiem nele. O professor precisa que os pais façam a tarefa de casa, não a tarefa que o professor passa para seu filho fazer em casa, e sim a tarefa de cunho social,  de regras básicas de educação.

O professor não pode ser um almoxarife que trata os alunos como peças no depósito, e sim um lapidador, um ourives que transforma pedras em joias preciosas. É preciso depositar nos filhos conceitos básicos, bom-dia, boa-noite, com licença , chamar pelo nome, respeitar o professor, o colega, o próximo. Hoje alunos, amanhã homens de bons costumes, esses sim serão os lucros e resultados obtidos com o tempo; hoje depositamos todas as nossas forças neles, e precisamos de pais, alunos, professores, Estado, todos envolvidos na árdua tarefa de construção social. Vamos construir um mundo melhor, mas comece em sua casa; não vamos deixar para outros fazerem o que nós mesmos podemos fazer.

Vítor Andrade é professor de História
Pós Graduado em Sociologia