5 de set. de 2011

O GRITO DOS EXCLUIDOS 2011 ( Frei Betto)

Rio - Há 17 anos a Semana da Pátria é dedicada à manifestação popular conhecida como Grito dos Excluídos, promovido pela Pastoral Social da CNBB, Comissão Pastoral da Terra e outros movimentos e instituições.

O lema do 17º Grito é “Pela vida grita a Terra... Por direitos, todos nós!”, que associa a preservação ambiental aos direitos do povo brasileiro.

O salário mínimo — R$ 545 — equivale à metade do valor de compra de quando foi criado, em 1940. Segundo o Dieese, para atender às necessidades básicas de uma família de quatro pessoas, conforme prescreve a Constituição, o mínimo deveria ser de R$ 2.149,76.

As políticas sociais do governo são importantes, mas não suficientes para erradicar a miséria. Isso só se consegue com distribuição de renda.

A população pobre do Brasil é estimada em 16 milhões de pessoas. Dessas, 59% vivem no Nordeste. Dos que padecem pobreza extrema no Brasil, 51% têm menos de 19 anos e, 40%, menos de 14. O desafio é livrá-las da miséria, dando-lhes educação e profissionalização de qualidade.

Um dos fatores que impedem nosso governo de destinar mais investimentos aos programas sociais e à educação e saúde é a dívida pública. O Grito dos Excluídos propõe, há anos, uma auditoria das dívidas interna e externa.

Há um aspecto da realidade brasileira que atende à dupla dimensão do lema do Grito deste ano: a reforma agrária. O Brasil tem margem para uma ampla reforma agrária, sem prejuízo dos produtores rurais e do agronegócio. Com ela, todos haverão de ganhar — o governo, por recolher mais impostos; a população, por ver reduzida a miséria no campo; os produtores, por multiplicarem suas safras e rebanhos, e venderem mais aos mercados interno e externo.