A
motivação de realizar a presente pesquisa, ora consolidada neste artigo, surgiu
durante o curso de Licenciatura em História, concluído em 2008, cujo tema do
trabalho de conclusão foi a participação da Maçonaria na Independência do
Brasil, tendo como resultado o artigo A Maçonaria e a Independência do Brasil –
1808 - 1822 ...
A
Maçonaria, desde o Século XVIII, deixou de ser operativa para ser especulativa,
e aceitar em seus trabalhos homens que não eram apenas construtores de oficio,
mas sim construtores sociais, e assim ao chegar no Brasil encontrou terreno
propício para participação social e política, estendendo sua influência à
proclamação da Independência, anos mais tarde a abolição da escravatura e por fim a instauração da República, alavancada pelo mito e pela
sabedoria de Salomão, trouxe a modernidade na busca de uma sociedade mais justa
e perfeita. Como elite estratégica atuou nos momentos mais decisivos da história
política e republicana do país, como o próprio Deodoro da Fonseca que exerceu a
presidência da República e o Grão mestrado do GOB. Teve seu primeiro ministério
na República todo composto por maçons[1]. De
Deodoro da Fonseca à Dilma Roussef tivemos 36 presidentes, dentre os quais doze
eram maçons, mostrando a força e a participação da Ordem Maçônica na estrutura
política do país.
Neste
sentido, o artigo foi organizado da seguinte forma: o mito de Salomão, presente
em toda Maçonaria mundial, como referência de seguinte forma: Após a introdução
do trabalho é realizada uma breve abordagem do justiça, sabedoria e perfeição.
Posteriormente é feito um breve histórico da Maçonaria e posteriormente relatos
da participação da Maçonaria na história do Brasil, concluindo com o período
conhecido como República da Espada.Aspectos sociais e políticos que nortearam o
período como movimentos revoltosos ou separatistas, abolição da escravatura e
manifestos republicanos muitos deles causados por maçons, se fazem presente de
maneira superficial, ou foram sucumbidos do artigo, por desviarem o foco de
estudo, deixando o campo de pesquisa para outro autor, ou outro momento.
O
resultado da pesquisa encontra-se aqui intitulada A Espada de Salomão
(representando a Maçonaria) e a República da Espada ( representando o Estado na
primeira república)- A influência e a participação da Maçonaria nos primeiros
anos da República. Longe de ser um tratado definitivo sobre o tema, pretende-se
chamar a atenção dos leitores para a participação direta da Maçonaria na
história nacional, muitas vezes desconhecida da maior parte dos brasileiros, e
muitas vezes trazidas de maneira incorreta ou incompleta, e tenta mostrar que é
possível dentro de uma estrutura governamental, o Estado, a influência de organismos não governamentais
como foi feito na Independência do Brasil e de maneira indireta na proclamação
da República que é o foco apresentado neste artigo, lembrando que na
Independência do Brasil a maçonaria segundo Castellani, “agiu como um
verdadeiro partido político” ( CASTELLANI,2007).[2]
As
razões científicas que justificam este artigo é trazer à tona um assunto
trabalhado em todos os livros de história do Brasil, didáticos ou não,
porem sem citar a presença maçônica, e quando citados são de maneira
superficial. A participação da Maçonaria na Independência do Brasil, é um fato
esquecido nos livros como um fato maçônico, a proclamação da República não foi
um fato maçônico mas foi rodeado de personagens maçônicos e acontecimentos
ligados à maçonaria e não são citados ou
lembrados, segundo Castellani:
“Costuma-se
dizer, até nos meios maçônicos, que, depois da campanha republicana, a Maçonaria
nada mais realizou, política e socialmente, isso porém não corresponde à
realidade, pois, embora tenha havido um declínio mais acentuado depois de duas
ditaduras no século XX os maços brasileiros continuaram com o mesmo trabalho do
século anterior, apesar de já terem ocorrido grandes conquistas sociais que
delinearam a nacionalidade. (CASTELLANI, 2007)[3]
O Mito tem como característica a grande carga de simbolismo, o qual procura explicar determinada ação, ou atitude de um ser fictício ou não. A construção de um Mito deve ao fato de procurar dar um sentido a maneira de agir ou de existir de determinados grupos, seja explicando sua origem como, por exemplo, dos seres vivos, dos seres humanos, das religiões, sempre dando ênfase a suas ações, que pode ser feito de geração a geração, ou na crendice popular, ou seja, O Mito, é o protagonista.
A
palavra Mito vem do grego “Mithós”,que significa símbolo, ou narrativa de
caráter simbólico, os gregos baseavam-se
na Mitologia, para explicar a origem e o sentido das coisas, com seus deuses e
suas histórias, que foram sendo retransmitidos ao longo dos séculos[4]. Um
mito não é necessariamente algo falso, ele pode ter existido de fato, mas com certas
e algumas modificações que passam a dar uma entonação maior, de
engrandecimento em questão.
A
História do Rei Salomão é de origem Hebraica, e presente no Antigo Testamento
para os Cristãos e mais precisamente no livro de Reis, ou na Thorá para os
Judeus, aqui definido como Sagradas Escrituras. Ao falar de mitos, as Sagradas
Escrituras são repletas deles, onde suas histórias muitas vezes são contadas
por outros povos, outras culturas em outros credos, como por exemplo, a Criação
do Mundo, a numerologia, a cabala.[5]
Não
há de fato comprovação da Existência do Rei Salomão em meados do Século X A.C,
o que fortalece a Idéia do Mito, que por sinal é algo marcante na Maçonaria que
é constituída de Lojas Simbólicas. O Rei Salomão é enfatizado na Maçonaria por
suas características de Sabedoria, justiça e pela construção do Templo, mas há
dúvidas se foram lideres tribais de grande importância em Judá ou se Rei de um
fabuloso reinado na Região.[6]
O Mito Salomônico está presente no livro de
Reis, e portanto as Sagradas Escrituras não são considerados livros científicos
ou técnicos, pois carecem de muitas informações, mesmo com todo o trabalho
realizado por arqueólogos e historiadores as virtudes do Rei Salomão ainda são
muito questionados.
Uma
das demonstrações da sabedoria de Salomão foi o fato de ter julgado o caso de
duas mulheres. Vieram a sua presença duas mulheres, dizendo uma delas que ambas
moravam na mesma casa e, à noite, sua amiga matou acidentalmente seu próprio
filho enquanto dormia, deitando-se sobre ele. Enquanto eu dormia; disse ela,
trocou os nossos filhos colocando ao meu lado seu filho morto. A mulher
enganada reparando pela manhã, viu que o filho não era seu. Ambas alegavam ser
seu o filho vivo. Eis que Salomão manda vir uma espada e diz: dividirei o
menino vivo em duas partes e darei metade para cada uma. Uma das mulheres então
falou que entregasse o menino a outra mulher, daí Salomão ordenou que se
entregasse a esta mulher e que ela seria a mãe verdadeira, pois preferia ver o
seu filho nas mãos de outra mulher ao que vê-lo morto.[7]
Outro
mito salomônico defendido pela maçonaria refere-se principalmente a construção
do Templo, quando o Rei Salomão contrata o arquiteto Hiram Habif para trabalhar
na construção do Templo, segundo os relatos,
“Hiram
Habif era habilidoso em seus trabalhos com bronze, e seus operários eram
divididos em três categorias: aprendizes, companheiros e mestres, dando-lhes
sinais, toques e palavras, de acordo com cada categoria, mas três desses
companheiros vendo aproximar-se o fim das obras, decidem tirar a força o sinal
sagrado de Hiram Habif. Seus nomes eram, Jubelus,Jubela,e Jubelum.”[8]
Era
costume de Hiram Habif supervisionar as obras após a saída dos operários, e
numa dessas tardes, os três companheiros decidem atacar seu mestre, ao tentar
sair pela porta do Ocidente é atacado por Jubelus com uma régua de ferro,
querendo receber a palavra sagrada, como Hiram não entregou resolveu atacá-lo
com uma régua de ferro que lhe atingiu os ombros, Hiram então tentou fugir pela
porta do norte, mas, deparou-se com o segundo companheiro armado com uma
alavanca, e como Hiram recusou-se a fornecer a palavra a foi atingido na nuca,
após receber os golpes foi até a porta do Oriente e deparou-se com Jubelum que
atingiu-lhe a fronte com um maço matando assim Hiram Habif.
Os
três companheiros após frustrada tentativa de conseguir a palavra de Mestre,
resolveram enterrar fora da cidade o corpo do arquiteto Hiram Habif. Os Mestres
então procuram o corpo de Hiram e encontram com um ramo de Acácia sobre a
sepultura. A acácia também é uma planta com significado místico para a
Maçonaria. O maior significado dessa lenda para os maçons são: a edificação do
templo, e o segredo guardado por Hiram Habif o grande arquiteto, pois os maçons
modernos ainda possuem os gruas de aprendiz, companheiro e mestre, e seus
sinais, toques e palavras são dados apenas aos iniciados na Ordem, e Salomão
tem um significado de grande valor, por ser o comendador do Templo, e por fazer
justiça, a espada tem o significado da justiça, e autoridade, Salomão utiliza
no caso do bebê e das duas mães, nos sacrifícios e holocaustos que fazia Deus.
Antes
de fazer uma leitura sobre a Maçonaria no processo de implantação da República
é necessário entender o que é essa organização que tanto influenciou e
significou para determinados momentos políticos das Américas e de modo
particular para o Brasil como Independências e República. De acordo com o
Artigo 1º da Constituição do Grande Oriente do Brasil, este é o conceito de
Maçonaria: “Art. 1º. A Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática,
filosófica, filantrópica, Progressista e evolucionista, cujos fins supremos
são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.” (CONSTITUIÇÃO DO GOB, 2009)[9]
A
Maçonaria teve início com a chamada Maçonaria Operativa ou de Ofício. Surgiu na
Idade Média, na Europa, onde foi financiada principalmente pela Igreja. A
partir do Século VI, as associações monásticas de construtores controlavam o
segredo e a arte de construir. Nesse momento da História, ocorriam às invasões
dos povos bárbaros na Europa, ocasionando, freqüentemente, mortes, saques, e
guerras, e assim arquitetos e artistas encontravam-se seguros nos conventos ou
próximos a eles. Mas já no século X, houve uma necessidade de expansão por
parte da Igreja, esses frades construtores passaram a treinar e preparar leigos
para os serviços, formando as Confrarias Leigas e, terem aprendido a arte de
construir com frades, davam um cunho religioso ao trabalho.[10]
Em
1539 o rei Francês Francisco I, tirava dos pedreiros livres os direitos e
privilégios que eles tinham, abolindo Guildas, Lojas e Fraternidades.
regulamentando as corporações de artesãos. No século XVI com o surgimento da
Renascença, o estilo gótico foi abolido, era o período em que os renascentistas
reviveriam as artes Greco-romanas,. Francos-Maçons foram seriamente afetados,
transformando-se em uma sociedade de auxilio mútuo. Passaram a aceitar entre
seus membros pessoas que não eram pedreiros, ou ligadas à arte das construções,
a partir daí a Franco-Maçonaria passou a ser chamada de Maçonaria dos Aceitos.
Em 1709 com a admissão do reverendo Jean Théophine Desaguilers[11],
que não apesar de não ser construtor foi iniciado na Maçonaria dos aceitos,
participou fielmente da Ordem, conseguiu reunir quatro Lojas no mês de
Fevereiro de 1717 para se discutir uma reformulação da estrutura maçônica.
No Brasil a primeira Loja Maçônica foi fundada em 1797, na Bahia, mas esta não era uma Loja regularizada, seu nome era “Cavaleiros da Luz”. Os primórdios da Maçonaria do Brasil e a dos movimentos emancipacionistas, cabe citar a Inconfidência Mineira, ocorrida em 1789, mesmo ano da Revolução Francesa e a conjuração Baiana em 1798. Há de fato dúvidas quanto a Joaquim José da Silva Xavier “O Tiradentes” ter sido ou não maçom. Inexiste fonte que o acuse de ser, mas nenhuma também nega tal informação, mesmo assim é inegável a sua participação na Inconfidência Mineira e a sua contribuição. O certo é que, naquele momento, não existiam lojas no Brasil e, caso houvesse alguma loja por aqui,não era regular. A primeira Loja Maçônica regular do Brasil documentada foi a Loja Reunião em 1801 no Rio de Janeiro. Essa Loja era filiada ao Grande Oriente da Îlle de France (Ilhas Mauricio). Anos mais tarde, o Grande Oriente Lusitano, com a finalidade de propagar a Maçonaria no Brasil, delega a três Maçons totais direitos de fundarem Lojas Maçônicas no Rio de Janeiro. Surgiram, assim, as Lojas: Constância, Filantropia e a Reunião. A partir daí pode-se falar da existência de Lojas Maçônicas e da Maçonaria no Brasil, pois a História só pode servir-se de fatos reais e concretos, com análise de fontes.
No
Século XIX surgiriam Lojas filiadas ao Grande Oriente Lusitano ou da França,
pois ainda não havia uma obediência Maçônica no Brasil, o que viria acontecer
anos mais tarde como veremos neste artigo, meses antes da proclamação da
Independência do Brasil, foi fundado o Grande Oriente do Brasil. As Lojas
estavam presentes principalmente no Rio de Janeiro, na Bahia, em Pernambuco,
com finalidades políticas, inclusive de proclamar a Independência do Brasil, de
fato, o primeiro passo para a Independência Política seria a Independência
econômica com a vinda da Família Real para o Brasil em 1808, assim Maçons se
destacavam na corte, como Pedro Antônio de Noronha de Albuquerque, o marquês de
Angeja, administrador colonial português, vice-rei do Brasil e
da Índia Portuguesa; o
Marechal do Exército e Governador das armas da corte e capitania do Rio de
Janeiro; José Xavier Noronha de Albuquerque, todos pertencentes à Loja São João
de Bragança no Rio de Janeiro. Padre Belchior;Antonio Carlos Ribeiro de Andrada
Machado e Silva, irmão de José Bonifácio e Juiz de fora e Desembargador,
pertenciam a loja Distintiva,que era uma Loja Maçônica com ideais repúblicanos
e, logo, revolucionários para época. Joaquim Gonçalves Ledo era servidor
público, 1º Escriturário da Contadoria do Arsenal de Guerra.[12]
No
processo emancipatório brasileiro, a Maçonaria agiu de modo similar a um
partido político que defendia a
Independência política do país, tendo como Grão – Mestre José Bonifácio
de Andrade e Silva, e após o próprio príncipe regente D.Pedro I que é chamado
Defensor perpetuo do Brasil, e Bonifácio o patriarca da Independência,[13] assim mostra a influência da Maçonaria nesse
período denominado primeiro Império que vai até o ano de 1831, quando D.Pedro I
abdica do trono em favor do seu filho D.Pedro II, menor de idade que passa a
ser tutelado por regentes, chamada regência trina provisória composta por
Nicolau dos Santos Vergueiro, Maçom,
José Joaquim Carneiro de Campos,Maçom,e
por Francisco de Lima e Silva, após o período de eleição ao qual de
decidiria quem iria compor a regência trina permanente, foram escolhidos o
próprio Francisco de Lima e Silva, Bráulio Muniz e Costa Carvalho, e o ministro
da Justiça seria o Padre Diogo Antônio Feijó Maçom iniciado na Loja Porto Feliz
em São Paulo.
O
Brasil emancipado de Portugal poderia agora desenvolver-se, tal como os Estados
Unidos da América após sua independência, mas resolveu permanecer como antes,
permanecendo herdeiro do trono português, que governava, mas não comandava.
Esta situação permaneceu até a morte do Rei de Portugal D.João VI. Após a
partida de D.Pedro I para Portugal para defender o trono português, o Brasil
viveu o período de regência, que serviu mais uma vez para mostrar quem mandaria
no país ou quem tinha o direito de comandar, os regentes eram militares e
aristocratas, assim como Nicolau dos Santos Vergueiro, Carneiro de Campos e
Lima e Silva. Esse foi o modelo que o país seguiria até as vésperas da
proclamação da República.
Aqui
a Maçonaria já não influenciava as decisões do governo como instituição, mas
seus membros era participantes de diversas mudanças políticas do período, como
o próprio Pe Diogo Feijó que não era regente mas era ministro da justiça e
influenciou demais para que se
transformasse de regência trina para une ao qual ele seria o regente. Lembrando
que o período tinha como base da economia a indústria cafeeira, e o sistema
escravagista ainda aquecia as lavouras, Feijó assume o “Poder” no ano de 1835,
e enfrenta em sua regência basicamente 3 levantes populares, A cabanagem, o
Levante dos Malês e a Revolução Farroupilha, o que mostrava ao mesmo tempo
instabilidade e descontentamento político, o que enfraqueceria o império, a
Maçonaria esteve presente em boa parte deste acontecimentos, que eram movimento
isolados e de caráter centralizador, regionalista, não eram movimento
libertários que tinham por finalidade a o protesto e sim de separação do
Brasil, e Maçonaria não ficou de fora desses levantes como veremos.
O
período que a história nomeou como “Segundo Reinado”, que foi a sucessão do
trono de D.Pedro I para seu filho D.Pedro II de apenas 5 anos. D.Pedro I foi
para Portugal lutar contra seu próprio irmão que assumira o trono Português,
assim mostra que D.Pedro I tinha a intenção de manter viva a Dinastia Real dos
Bragança, ou seja não havia um sentimento nacional de fato por quem deveria
governar o Brasil, e o governo fica na mão de uma criança que é tutelada por
pessoas que defenderiam seus reais interesses.
A
segunda delas foi a Sabinada, que consistiu num movimento de homens letrados
descontentes com a falta de autonomia da província e com os desmandos da
administração regencial. A classe média de Salvador, apoiada por uma parcela do
Exercito, tomou a cidade e proclamou a Republica Baiana em 1837. Os rebeldes
eram liderados pelo médico Francisco Sabino, daí o nome Sabinada. Sem respaldo
popular, o movimento se enfraqueceu. No ano seguinte, as tropas oficiais,
apoiadas pelos latifundiários cercaram e derrotaram os revoltosos.
Uma
importante revolta também ocorrida no mesmo período da Sabinada foi a Balaiada.
A revolta foi motivada pela crise do algodão e aumento de impostos, entre
outros motivos, liderada por um líder quilombo, um vaqueiro e um artesão, mas
com a participação de comerciantes e financiadas por barões do algodão, que a
história faz questão de omiti-los. Durou três anos e os rebeldes chegaram a
ocupar a segunda maior cidade do Maranhão chamada de Caxias, ou seja é difícil
de acreditar que rebeldes sem instrução militar, sem formação segurariam 3 anos uma rebelião, sem
financiamento. Mesmo o poder Imperial vencendo a revolta, trouxe desgastes
físicos, bélicos, financeiro e estrutural ao Governo.
E
por fim a mais importante delas, que foi a revolta Farroupilha, ocorrida no Rio
Grande do Sul, que foi uma resposta a alto-taxação do charque, sendo usada por
alguns rebeldes para forçar a separação e autonomia da província, fundando a
República Rio Grandense. Entre mortos e feridos venceu, mais esta batalha, o
poder imperial. O Império conseguiu vencer todas essas batalhas, pois além de
ter mais contingente, tinha financiamento. É possível notar que ainda nos dias
de hoje a bandeira do Rio Grande do Sul, possui a frase: República do Rio
Grande do Sul, ou seja, passa a idéia de outro país dentro do Brasil,
persistindo um clima de separatismo.
A
Guerra do Paraguai demarcou a situação brasileira no contexto internacional. O
Brasil estava já recuperando sua economia, suas relações internacionais, os
conflitos internos estavam bem contidos. Evidentemente o objetivo deste
trabalho não é descrever os acontecimentos e sim os fatos que propuseram ao
Brasil, um sentimento Nacional e a busca de uma autonomia em relação a velhas
oligarquias em busca de ruptura. Sendo assim descrever a Guerra do Paraguai
significa dizer que agora existia uma “unidade” Nacional, que existiam
brasileiros lutando por seu país e defendendo seu território. Apesar do
massacre brasileiro, cruel e desnecessário, mostrou ao mundo e a América que
nossa economia era forte, que as nossas relações internacionais eram sólidas, e
que tínhamos um povo guerreiro, capaz de dar a vida por seu país.
Três fatos que impulsionaram a Proclamação da República: a “Questão Religiosa”, a “Questão Militar” e a “Abolição da Escravatura”, todos estes fatos ocorridos na segunda metade do século XIX, e próximo ao fim do governo Imperial. E possível destacar a participação dos partidos de maior expressão existentes na época: o Partido Liberal e o Partido Conservador e o partido republicano paulista.
A
imprensa era outro fator positivo, quando não afetada pela censura. O Jornal a
“A República”, de 1870, órgão de circulação do partido republicano, era
composto por grandes nomes da época como Saldanha Marinho, Quintino Bocaiúva.
Lançou mais precisamente no dia 03 de Dezembro de 1870 um “manifesto
Republicano” que destacava a vocação federalista e americana no Brasil,
criticava duramente erros que cometidos pelo Regime Imperial, mas não tratava
acerca da escravidão, com receio de causar problemas com a elite agrária.
Nota-se, mais uma vez, que o direcionamento fora motivado por interesses de uma
minoria.[14]
O
Brasil não passou por processos revolucionários como Inglaterra,
Estados-Unidos, França,que haviam elites oriundas do parlamento, aqui se passou
por um processo burocrático, que foi oriundo da nação portuguesa, que era
estadista e conservadora, que tinha a Igreja com poder paralelo ao
Estatal, e o Exército como mão-de-ferro,
para controlar o país.A Questão Religiosa foi um desentendimento entre Igreja,
Estado e Maçonaria, após a publicação da Lei do Ventre-Livre, que considerava
livre todos os escravos nascidos a partir daquela data (1872). O problema
iniciou-se com um discurso do Padre Almeida Martins aprovando a Lei do
Ventre-Livre, que era uma lei para o período bastante moderna, evidentemente
que não agradou nem um pouco as elites agrárias do país, e a Igreja (Alto Clero
e alguns sacerdotes) sempre próxima do poder agrário jamais concordaria com um
discurso aprovando tal iniciativa, além de que a Igreja proibia que seus
membros pertencessem a Maçonaria. Por desacato às ordens do Bispo do Rio de
Janeiro D. Pedro de Maria Lacerda, foram suspensos os trabalhos do padre, e
foram ameaçados de suspensão todos que participassem da Ordem. Posteriormente,
D. Vital Maria Gonçalves de Oliveira, bispo de Olinda, e D. Antônio de Macedo
Costa, bispo do Pará também fariam o mesmo.[15]
Suspensa
as Irmandades, recorreram ao Imperador pedindo a revogação da proibição, no que
foram atendidos. D.Pedro II sempre teve boas relações com a Maçonaria mesmo não
sendo Maçom, pois sabia a importância da Ordem para a sustentação do governo, e
cabe lembrar que seu falecido Pai D.Pedro I era Maçom e ex-Grão Mestre Geral do
Grande Oriente do Brasil.
O
Decreto declarava sem efeitos os atos dos Bispos, pois a constituição das
Ordens Terceiras e Irmandades do Brasil eram de exclusiva competência do poder
civil e a atitude dos bispos constituía uma usurpação da jurisdição do poder.
Os bispos reagiram. D. Vital declarou que o beneplácito imperial não passava de
uma aberração, pois o recurso contra as decisões dos bispos configurava-se
absurdo e herético. D. Macedo Costa foi
mais rigoroso: reconhecer no poder civil autoridade para dirigir as funções
religiosas equivalia a uma apostasia.
Depois
de travadas essas discussões, os Bispos foram presos e exilados, e os padres
retomaram suas atividades, mas a Questão serviu como desgaste para o Poder
Imperial que se viu fragilizado diante da Igreja. O levante teve repercussão
internacional, o que não era bom, a Questão Religiosa foi um desgaste político,
religioso, ideológico, que indicava o fim do império e o inicio de uma
república que estava por vir.
Não
muito diferente da ‘“Questão Religiosa”, foi marcante para a historiografia
nacional a “Questão Militar”, um crise estatal que sufocava o poder imperial
prestes a ruir. Os quadros militares, de altas patentes ou oficialato, eram
privativos de pessoas oriundas da elite brasileira, mas que a burocracia
imperial fez com que cada vez menos as elites se interessassem pela vida
militar, devido demora de promoções, salários baixos, péssimas condições de
trabalho. Assim, os cargos militares cada vez mais deixavam de possuir “nobres”
em seus quadros e passavam a abrir suas carreiras para filhos de militares mais
antigos. Após a Guerra do Paraguai o sentimento nacional começava a surgir
dentro das instituições militares, que estavam passando a zelar mais pelo
militarismo e menos pela Instituição Imperial.
No
Inicio da década de 1880, foi sugerida a criação de um Montepio aos militares,
como objetivo de melhorar suas condições de vida. O Montepio foi sugerido pelo
Visconde de Paranaguá, na verdade não foi uma sugestão, seria uma obrigação. O
então Tenente-Coronel, Antonio de Sena Madureira, se opôs a idéia, sendo punido
por esta atitude. No ano seguinte 1884, Sena Madureira foi novamente punido,
pois convidara o abolicionista Francisco José Nascimento, a visitar a escola de
Tiro do Rio de Janeiro. Após homenagear José Nascimento, Madureira foi punido e
transferido para o Rio Grande do Sul.[16]
Após
a transferência de Sena Madureira, o então ministro da guerra, Alfredo Chaves
decidiu proibir qualquer veiculação militar com a imprensa. Sena Madureira
encontrou no Rio Grande do Sul, o Marechal Deodoro da Fonseca, que se recusou a
cumprir a proibição de veiculação militar com a imprensa, sendo esta ordem
revogada meses mais tarde pela corte, o que não deixou de gerar um conflito
desgastante.
Outros
fatos contribuíam para o enfraquecimento do governo, como o do Coronel Cunha
Matos, que denunciou a corrupção do comando militar do Piauí, e a denúncia
feita por Sena Madureira ao Jornal “A federação”, dirigido pelo gaúcho Júlio de
Castilhos, do descaso com o Exército brasileiro pelo Poder Imperial. A Escola
Militar do Rio de Janeiro lançou um manifesto através de seus alunos apoiando
as iniciativas de Cunha Matos e Sena Madureira, que foram desligados do
Exercito, mas D.Pedro II resolve revogar o desligamento por saber da forte
influência dos dois no meio militar, e
desligados do exército teriam mais liberdade para organizar uma possível
conspiração.
Foi
criado o Clube Militar, presidido por Deodoro da Fonseca, que solicitou ao
Ministro da Guerra que desobrigasse os militares a caçarem os escravos
fugitivos, o que causou mais desavenças entre militares, Poder Imperial e
elites agrárias.
Esse
desgaste estatal serviu para se perceber que apesar de não haver ainda ruptura,
pelo menos do âmbito militar já se havia um sentimento nacional, uma exigência
de respeito, e que os militares são a mostra do sentimento pátrio em qualquer
nação do mundo e que merecem todo respeito e reconhecimento, além de deter
grande poder. Desta forma a “A questão militar” deixou o Brasil a um passo da
República.
A
Abolição da escravatura foi o “apagar das luzes” do governo Imperial, já
desfragmentado, já em crise, e que ainda por cima sofria forte pressão da
Inglaterra para que fosse proclamada, mesmo com a proibição do tráfico negreiro
de 1850, com a Lei do Ventre-Livre de 1871 e com a lei Saraiva de Cotegipe ou
dos Sexagenários de 1885. A abolição era uma causa defendida por alguns
clérigos, por jornalistas, políticos e muitos Maçons entre tantas
personalidades que foram fundamentais no processo. Evidentemente que havia uma
boa parte do parlamento contra a abolição, tendo em vista que o Brasil tinha
sua base de sustentação econômica voltada para a agricultura.
Visto
que a proclamação da República iria ocorrer, logo foi levantada a idéia de
indenização a todos os senhores de terras, engenhos e latifúndios, mas a Coroa
não dispunha de recursos para suprir tal indenização. Percebendo que o Estado
não indenizaria esses senhores, eles resolvem então aderir ao Republicanismo e
a oposição a Coroa, sob forte influência de abolicionistas e muitos deles
Maçons como Luís Gama, Joaquim Nabuco, José Antônio Marinho, Souza Dantas, Ruy
Barbosa, entre tantos homens de Luz que trabalharam na emancipação definitiva
dos escravos. Aproveitaram a viagem do Imperador D. Pedro II e forçaram de
maneira sutil a assinatura da Lei Áurea.
No
Dia 13 de Maio de 1888 data escolhida pela princesa Isabel em homenagem a data
de nascimento do seu Bisavô D.João VI, o Brasil tornava livres seus escravos, é
um romance histórico todo o enredo, mas os problemas ainda não haviam sido
sanados, não houve uma política de reparação de danos nem a escravos nem a
Senhores de escravos, o que agravou a crise política e social do Império. Os
negros se viam perdidos e perambulando pelas cidades e pelos campos, não houve
uma política de reforma agrária. A Coroa havia perdido um pilar muito
importante na sustentação de seu governo que eram as elites agrárias e senhores
de escravos, O fim do tráfico negreiro enfraqueceria a economia e a Coroa
deveria criar alternativas para sair da crise, o que não conseguiu fazer.Em
todo esse processo mais uma vez, é possível perceber que a mudança nas
estruturas políticas e sociais foi promovida por uma elite, sem participação
popular.
A consolidação de um Estado republicano foi não foi idealizado como uma saída política para o país, assim como em outros momentos como a Independência ela foi construída através da participação de determinados grupos que defendiam seus interesses, principalmente a classe de grandes agricultores, os próprios militares que no dia 15 de novembro resolveram assumir o controle estatal não tinham noção de fato do que seria governar a nação, foi na verdade um golpe militar, mas não um regime militar o que diferencia das demais ditaduras e das características dos demais golpes militares Segundo Boris Fausto:
“A passagem
do Império à República e a formação de um sistema de Poder capaz de
articular os interesses dos povos donos da situação no Brasil republicano
parece ter obedecido antes `dinâmica de
uma história pouco “precipitada”, se se quiser fazer uma alusão o comportamento
dos elementos químicos e simultaneamente à regras de astúcia e compromisso
características da cultura política brasileira[17] ( Boris Fausto,1975)
Nos
últimos anos do Império, o Brasil sofria de grandes problemas sociais, como o
controle territorial[18] (
devido a extensão do país), o enfraquecimento de uma elite escravocrata que
entra em colapso, e a chegada de imigrantes europeus que dava um novo
direcionamento a política econômica, mas na verdade nunca houve uma ruptura de
pensamento burocrático e aristocrático nas esferas políticas e econômicas do
país.Enquanto já vivia-se uma revolução industrial na Europa o Brasil, ainda
não conseguia sair da estrutura agrária e patrimonialista.
A
sociedade brasileira no momento tinha como elite estratégica, comerciantes,
fazendeiros, os militares e a Maçonaria que tinha como associados na Ordem
membros de todas as classes sociais daí tiram-se seu papel estratégico. Era
notável que o Imperador D.Pedro II não tinha o controle estatal em suas mãos,
além de não agradar parte de uma elite que poderia dar forças ao Império, como
por exemplo os Militares, Liderado principalmente pelos Maçons Floriano Peixoto
e Deodoro da Fonseca este último 13º Grão Mestre Geral efetivo do Grande Oriente
do Brasil.
Deodoro
era fiel monarquista e servia o Imperador com veemência, Maçom Iniciado na Loja
Rocha Negra no Estado do Rio Grande do Sul
em 1873 mas por ser uma liderança no meio militar, acabou sendo forçado
a participar do golpe, outra liderança do movimento foi o Engenheiro e militar
Benjamin Constant Botelho Magalhães, que era de linha positivista, e hoje a
academia Maçônica de Letras do Rio de Janeiro o imortalizou com a cadeira de
número 11, dava uma esfera mais religiosa ao movimento republicano, e ao
preparo ao golpe de Estado.
O
Golpe deu-se no dia 15 de novembro de 1889,[19] mas
a previsão era que fizessem o ato no dia 20 de novembro, este levante militar dirigido pelo marechal Manuel
Deodoro da Fonseca obrigou D. Pedro II a abrir mão do trono. Dessa maneira
no dia 15 de novembro de 1889, O Brasil
viria a ser uma, no Rio de Janeiro proclamado comandada de
dentro do Quartel General do
Exército. Após 67 anos, a monarquia chegava ao fim. No dia 18 de novembro,
D.Pedro II e a família imperial partiam rumo à Europa. Tinha início a República
Brasileira com o Marechal Deodoro da Fonseca assumindo provisoriamente o posto
de presidente do Brasil. A partir de então, o pais seria governado por um
presidente escolhido pelo povo através das eleições. Foi um grande avanço rumo
a consolidação da democracia no Brasil.[20]
Em seguida, uma série de reformas de
inspiração republicana seria proclamada, uma que já era prevista desde a
Questão Religiosa que seria a separação do Estado e da Igreja. A elaboração de
uma nova constituição que só seria finalizada em junho de 1890. Baseada na
constituição norte americana, aprovada em
fevereiro de 1891 (Primeira Constituição Republicana), e o Brasil seria
reconhecido sob o título de Estados Unidos do Brasil. Deodoro da Fonseca foi o
primeiro presidente eleito do Brasil, e paralelo a isso Grão –Mestre Geral do
Grande Oriente do Brasil, seu primeiro ministério era composto pelos maçons:
Campos Sales e Henrique Pereira Lucena, Eduardo
Wandenkolk e Fortunato Foster Vidal, Benjamin Constant, Floriano Peixoto e
Antonio Nicolau da Frota, Quintino Bocaiúva, Justo Chermont, Rui Barbosa e
Tristão Araripe, Aristide Lobo e Cesário Alvim, Francisco Leite e Henrique
Lucena, todos pertencentes ao Grande Oriente do Brasil .
É
importante frisar que Deodoro assume o Poder através de um golpe e, mas governa
por uma constituição imposta sendo eleito por eleição indireta, o governo de
Deodoro foi curto durando apenas cerca de 2 anos, mergulhado ao meio de crises
e turbulências, conflitos entre os próprio militares e não resolvidos, economia
agrária e enfraquecida, o que gerava descontentamento entre civis e militares,
o que levou a sua renúncia em 23 de novembro de 1891.Segundo Boris Fausto:
Em
outras circunstâncias, a marcha caprichosa da história ou seja, a afirmação dos
interesses políticos e econômicos de grupos e classes sociais em luta, faz-se
mais lentamente e é entremeada por pequenos golpes palacianos, rebeliões
localizadas e vaivens que dificultam a percepção das novas linhas de força que
estão a definir o contorno dos interesses dos grupos e classes envolvidos nos
lutas pelo sistema de dominação.”[21] (Boris
Fausto, 1975)
A maçonaria teve papel de forte influência no século XIX no Brasil. Foi assim na Independência, nas revoltas sociais, na Guerra do Paraguai, na abolição da escravatura e na Proclamação da república, aqui podemos Citar D.Pedro I, José Bonifácio, Duque de Caxias, José do Patrocínio, Deodoro e seu gabinete e Floriano Peixoto, todos foram os grandes impulsionadores desses movimentos, e é claro muitos outros que não foram citados eram pedreiros-livres, pertencentes ao Grande Oriente do Brasil. Eram pessoas que exerciam forte influência política, e muitos foram iniciados por uma questão política como o próprio D.Pedro I.
A
maçonaria apoiava a República, mas combatia qualquer abuso de autoridade,
qualquer forma de violência, apesar de alguns momentos a construção da
República ter que passar por isso, o Maçom na estrutura do Poder não pode
governar apenas para maçons e sim para uma nação inteira e aqui chamada Brasil,
é proibido tratar de assuntos políticos partidários dentro de Lojas, mas a
Maçonaria como potência pode atuar como sociedade civil combatendo tiranias.
Esses homens que influenciaram o século XIX eram MAÇONS que estavam na
política, e NÃO estavam na política por serem maçons, e o fato de estarem
juntos formam uma cadeia de união que os une, e dar confiança para quem está
junto, são irmãos que confiam um no outro e que sabem que os Poderes políticos
os fazem uma Maçonaria estratégica.
A
República da espada corresponde ao período que vai do governo Deodoro ao
Governo Floriano, pois a espada simbolizava a força e a autoridade militar no
Brasil. Deodoro sofre um golpe de Estado após dar um golpe de Estado, mas sem
conseguir frear as crises e as pressões, resolve então fechar o congresso numa
medida autoritária e centralizadora, sabia que o congresso não gostava de sua
forma de governar, e que podia contar com seu gabinete ministerial e maçônico,
as o período registrou sérios problemas políticos e econômicos. A política
econômica, que tinha como ministro da Fazenda Rui Barbosa, foi marcada pelo
"encilhamento", que se caracterizou pelo incentivo à emissão de moeda
por alguns bancos e pela criação de sociedades anônimas. Como resultado, houve
forte especulação financeira e falência de bancos e empresas. formação
de um novo ministério liderado pelo barão de Lucena, político vinculado à ordem
monárquica, a tentativa de centralização do poder e às resistências encontradas
no meio militar conduziram o país a uma crise política, que teve seu ápice na
dissolução do Congresso Nacional. Ao mesmo tempo crescia no meio militar a
influência de Floriano Peixoto, que também fazia oposição a Deodoro juntamente
com as forças legalistas que levaram à renúncia de Deodoro da Fonseca em 23 de
novembro de 1891.
Segundo
Frederico Guilherme Costa, é demonstrada a efetiva participação da Maçonaria na
proclamação da República, como demonstrado no trecho a seguir:
“O
movimento republicano teve, todavia, a participação efetiva de muitos maçons,
tantos militares quanto civis, na propaganda republicana, na doutrinação, no
enfraquecimento da monarquia, na preparação do movimento, embora não tenha sido
uma obra da maçonaria como instituição.” (COSTA, 2003)[22]
Após
a renúncia de Deodoro assumiria Floriano Peixoto - que apesar de contraditório
por alguns historiadores, foi Maçom iniciado na Loja Perfeita Amizade Alagoana em 1868 - seu vice
- presidente, assumiu a presidência e governou no regime que ficou conhecido
como "mão de ferro" até o fim do mandato, em 1894. Venceu um período
conturbado por movimentos rebeldes, entre eles a Revolta da Armada, no Rio de
Janeiro, e a Revolução Federalista, que começou no Rio Grande do Sul e tinha
como objetivo destituir Peixoto do poder. Neste movimento, o conflito aconteceu
entre republicanos de orientação positivista e liberais, liderados por Silveira
Martins, político de destaque durante o Império. No Poder Maçônico ainda estava
com Deodoro da Fonseca, que estaria a frente até o fim do governo Floriano
Peixoto.
As
mãos de Ferro de Floriano que segurava as espadas da lei e da justiça no Brasil
estremeciam com tantos conflitos, a República da Espada, caracterizou-se por um
período de transição para a República feita por civis, Deodoro havia assumido a
presidência após a crise do Império, e Floriano assumiria um governo após a
renúncia do presidente, não havia consenso dentro parlamento, a Maçonaria, já
não tinha influência política desde a renúncia de muitos Maçons ministros com a
eleição de Deodoro, portanto o Grande Oriente do Brasil, emprestou seus homens
livres e de bons costumes para a República, a influência foi pessoal e não
institucional, como havia sido na Independência, mas ambos sabia da recíproca e
que podiam se ajudar, Estado e Maçonaria, deixando para o país um caminho
aberto para Civis e algumas décadas mais tarde a democracia, assumira a
Presidência da República em 1894, mais uma Maçom agora o Advogado Prudente de
Moraes, no Brasil de Deodoro a Jânio Quadros que foi o último presidente eleito
pertencente a Maçonaria, totalizam no entanto 12 presidentes do Brasil que
foram maçons.
Considerando os objetivos gerais do respectivo trabalho, abordou-se um tema de suma importância para a História Política do Brasil, e no esclarecimento de assuntos muitas vezes desconhecidos do público em geral, como o que é a Maçonaria, qual é a sua origem, e qual a sua relação com a história e a política brasileira.
A
Maçonaria, organização não governamental que funciona de maneira associativa, é
constituída na sua essência ( não em sua estrutura administrativa), de Mitos e
simbologias, é direcionada por leis e rituais, que definem o que é a Ordem
Maçônica. Dentro da parte filosófica da Ordem a Lenda de Salomão é enfatizada
em todos os seus rituais, Salomão que segundo o livro de Reis foi o terceiro
Rei de Israel, como a história de ter usado a espada para resolver uma crise
envolvendo duas mulheres que se diziam mãe da mesma criança, a espada que
simbolizava a justiça, e a outro que teria mandado construir o Templo de
Jerusalém, a Maçonaria invoca a lendária história de Salomão por dois motivos,
o primeiro por Salomão ter sido considerado um Rei de notável sabedoria, e
justiça, e a segunda pela lenda de Hiram Habiff que foi o grande mestre
construtor do templo de Jerusalém a mando de Salomão. o Maçom especulativo (
maçonaria moderna e atual) trabalha socialmente ( pois não tem com o objetivo
principal a construção de prédios e igrejas) em prol de justiça social, devendo
agir com sabedoria, portanto remete a idéia de Salomão ter sido considerado um
homem justo e sábio, e a arte de construir dos maçons operativos remete a idéia
da construção do templo, e lembra que o Maçom atual luta por uma sociedade mais
justa e humanitária.
Portanto
muitas pessoas não conhecem a ligação do Mito de Salomão com a Maçonaria, a
simbologia da espada de Salomão usada nos rituais maçônicos, os templos
maçônicos principalmente os utilizados nas lojas que são adeptas do Rito Escocês Antigo e Aceito- REAA (
apesar de todos os ritos utilizares figuras Salomônicas), estão repletas de
símbolos Salomônicos, como formas geométricas, pontos, espadas, a cadeira do
Venerável-Mestre.[23]
Portanto a Maçonaria tem ligação direta com o Mito de Salomão, a espada ligação
direta como símbolo da justiça[24].
A
Ordem Maçônica chegou no Brasil no Século XIX, e contribuiu de maneira enfática
nos mais diversos acontecimentos políticos do período, seja como instituição na
Independência do Brasil, seja com a atuação de seus membros na proclamação da
República, que foi feita de maneira indireta, feita por um Maçom logo após
eleito Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil[25] o
Marechal Deodoro da Fonseca, militar, onde tem sua força simbolizada pela
espada ( CHEVALIER,
2002, p. 392)[26], e
portanto teve que dirigir o país em meio a transição de Império para República,
com um ministério todo composto por maçons[27],
portanto esses construtores sociais, estavam a serviço do país, eram maçons
ministros e não eram ministros por serem maçons, a Maçonaria influenciava mas
não decidia, como fez na Independência do Brasil, tanto que logo após a tomada
do Poder pelo Maçom e militar por Floriano Peixoto, o ministério já havia sido
destituído,.a República da Espada, simbolizava autoridade, e liderança por
punhos firmes, portanto a maçonaria participou, dos importantes momentos
políticos da história do Brasil, ora como instituição, ora com seus membros,
buscando organizar o país hoje chamado República Federativa do Brasil.
[1]
COSTA, Frederico Guilherme. A Maçonaria e a República-1ªed-Londrina: Ed.
Maçônica “ A trolha”,2003.
[2] CASTELLANI, José. A Ação secreta da Maçonaria na Política Mundial. São Paulo: Landmark, 2007.p.58
[3] __________, José. A
Ação secreta da Maçonaria na Política Mundial. São Paulo: Landmark, 2007.p.106
[4] FERREIRA, Claúdio Roque
Buono, PUGLIESI ,Márcio, COSTA Wagner
Veneziani.O livro completo dos heróis , mitos e lendas.São Paulo:Masdras, 2004
[5] CASTELLANI,José.As Origens da Mística
Maçônica – São Paulo:Landmark 2005.
[6] REIS:In:A Bíblia: Bíblia de Jerusalém -São
Paulo: Paulus: 2002.
[7]. REIS:In:A Bíblia: Bíblia de Jerusalém
-São Paulo: Paulus: 2002.
[8] Ritual: Rito Moderno/Grande Oriente do
Brasil – São Paulo,2009 página
[10] CASTELLANI,Jose. A Ação Secreta da Maçonaria na
Politica Mundial. São Paulo: Landimark,2007.p17
[11] _______,
José In. A
Ação secreta da Maçonaria na Política Mundial. São Paulo: Landmark, 2007.p.18
[12] CASTELLANI, José .Os Maçons na Independência
do Brasil.Londrina: A trolha.1993p.27.
[13] _______i,
José/Wilham Almeida de Carvalho. A história do Grande Oriente do Brasil, São
Paulo, Madras, 2009.p.45
[14] FAUSTO, Boris. O Brasil Republicano,
estrutura de poder e economia.1ªEd.1975-Difusão Editorial, São Paulo,p.223
[15] Linhares, Macedo. A Questão Religiosa:
apontamentos-1ª Ed. Londrina, Ed Maçônica, A trolha,2005 p.55
[16] Castellani, José. Os Maçons e a abolição
da escravatura. 1ª Ed.Londrina Ed. Maçônica A trolha,1998,p123
[17] FAUSTO,
Boris. O Brasil Republicano- 1 estrutura e poder (1889-1930).1º Volume, DIFEL:
São Paulo 1975.
[18] FAUSTO,
Boris. O Brasil Republicano- 1 estrutura e poder (1889-1930).1º Volume, DIFEL:
São Paulo 1975.
[19] _______, Boris. O Brasil Republicano- 1 estrutura e
poder (1889-1930) 1º Volume, DIFEL: São Paulo,1975.
[20] COSTA,Frederico Guilherme. A Maçonaria e a
República -1ª Ed.Londrina a Trolha,2003,p1. 15
[21] FAUSTO,
Boris. O Brasil Republicano- 1 estrutura e poder (1889-1930).1º Volume, DIFEL:
São Paulo 1975
[22] COSTA, Frederico Guilherme. A Maçonaria e a República-1ªed-Londrina: Ed.
Maçônica “ A trolha”,2003
[23] Ritual: Rito Escocês Antigo e Aceito, grau
de aprendiz/ Grande Oriente do Brasil, -São Paulo,2009.p 18-19
[24] BECKER, Udo. Espada. Dicionário de símbolos. São Paulo: Paulus, 1999. p. 101.
[25] CASTELLANI,
José(.A ação secreta da Maçonaria na política mundial-2ª edição revisada-São
Paulo:Landmark, 2004
[26] CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Espada. Dicionário de símbolos: mitos,
sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 17.ed. Rio de
Janeiro: J. Olympio, 2002. p. 392.
[27] COSTA,
Frederico Guilherme. A Maçonaria e a República-1ªed-Londrina: Ed. Maçônica “ A
trolha”,2003