Quando percebi andava depressa demais,
Percebi ao meu lado alguém que nem conheci,
Quando pensávamos que estávamos perto do fim,
Nos deparamos no fim, da rua,onde havia uma curva,
Curva no fim da rua, seria o principio do
precipício?
Não, mas apenas uma,longa subida,
Pra quem vinha ao contrário uma belíssima descida,
Enquanto nos
decidíamos , pedíamos clemência,
E quando entrei na retidão pensei, com o corpo
encharcado do suor,
Que nada podia ser pior, a não ser a desnutrição do
meu corpo
Mas choveu, e o dilúvio de emoções que levava meu
rosto,
Levava na
enxurrada junto com meu suor, todos os meus pensamentos, alegrias,
angústias e sofrimentos,
Chão e emoção ,desciam ladeira baixo...
Quando achávamos que estávamos certos, alguém nos dizia que estávamos errados,
E quando errávamos, éramos ovacionados pela
teimosia, carregada de ironia, alimentados pela vontade de nossos sonhos
tornarem-se poesias, que não sabíamos para quem contar, quem...?
Talvez no além , talvez, se tiver alguém para
nos ouvir...
Para um rebelde discutir...é a única maneira de
fazer a idéia fluir,
Mais ainda pensava comigo mesmo a ladeira que havia
de subir,
Mas subir pra que? Pra onde? Por que?
Quando olhava para trás e via o quanto tinha
subido,
Que os passos já estavam perdidos,
Ouço ruídos, ruídos no silêncio, e baixas vozes que
esbarravam em meu ouvido,
E quando finalmente chego ao topo:
Lá estavam
todos,
A galera do Futebol, A família, os Irmãos da Loja,
a turma do boteco, alguns de meus alunos, gente que nem eu conhecia, mas
estavam lá
E até um colega de Porto Alegre, que veio com a
bandeira do Grêmio, que na hora que vi já havia retirado ela de cima do caixão.
e acreditem , acreditem sim, não ouviram nem o meu último grito!
Não me deixaram me ver, não me deixaram me dar meu
ultimo adeus....
Quando éramos ramos ,éramos importantes,
precisávamos ser algo mais, quando
viramos sombras, precisávamos nos
multiplicar, quando éramos muitos, aí
precisaram nos poldar, quando demos frutos, eles amadureceram,
apodreceram e acabaram, e quando os frutos acabam com os sonhos o fim já
chegou, e que a terra nos seja leve.
*Vítor Andrade
Profº de História
*Texto inspirado numa placa que dizia: Eraldo Ramos aluga.
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