9 de mar. de 2014

Educação e Copa do Mundo

*Vítor Andrade


Muito se fala a respeito da Copa do Mundo no Brasil. Evidentemente há o grupo dos favoráveis e dos contrários, entretanto, apesar das criticas, a Copa do Mundo no Brasil fez o brasileiro repensar em alguns aspectos, como a segurança pública,  a saúde, infra estrutura e também o mais importante a EDUCAÇÃO.

Avaliando a situação da Copa do Mundo no Brasil trouxe a tona um sentimento nacional, os contrários a Copa sentem que esta é a hora de alavancarmos socialmente, os favoráveis a copa encontram-se otimistas e sentem-se bem em estar no país do futebol sediando uma copa do mundo.

Se avaliarmos a situação de  Copas do Mundo,  de 1986 para 2014, quando o México sediou uma Copa do Mundo, um país latino americano pobre que já havia sediado a Copa de 1970. Neste período entre Copas, no México, não ocorreram mudanças significativas no país. O México  tem um IDH baixo, uma alta taxa de analfabetismo e de mortalidade infantil, país dominado por cartéis, e criminalidade, tem muito turismo, mas péssima distribuição de renda, resumindo nenhum legado positivo pós copa.Números que não se podem comparar com a Itália -1990, Estados Unidos 1994, França-1998 , Coréia do Sul e Japão 2002 e Alemanha 2006, até mesmo por que a participação do Estado  em certas decisões  é mínima. Mas é preciso  repensar a real necessidade de uma Copa do Mundo em um país emergente como o Brasil, dentro do BRICS que tem como membro também  a África do Sul ( que sediou a Copa do Mundo em 2010), se compararmos o índice de analfabetismo no grupo, o Brasil tem uma taxa muito próxima da África do Sul, mesmo com avanços significativos dos últimos anos( média de 6,95% segundo a UNESCO) entramos no G-10 de analfabetos junto com Senegal,Etiópia  e Bangladesh,por exemplo. Temos um IDH  menor que o Azerbaijão e Peru, o país sangra com o alto índice de homicídios que matam mais que a guerra do Vietnã e mortes no trânsitos que matam mais que a guerra da Síria.

Quase não se comenta a situação da África do Sul após a Copa de 2010, também pudera o país herdou as dívidas que o povo até hoje paga, o país não decolou em desenvolvimento, ficaram elefantes brancos, pois os estádios são subutilizados e a educação é uma das piores do mundo. Nós poderíamos esperar, não precisávamos de uma copa do mundo agora, não podemos dar um analgésico social no povo despolitizado sem cultura, educação, e fingir que o Brasil não vai mal por que o povo ainda faz carnaval. A promessa era de que os estádios seriam construídos com dinheiro privado e no final o Estado financiou a Copa para os empresários, entre outros desvios. Precisamos equipar as forças armadas, as policias, os bombeiros além de uma remuneração justa, melhorar nossa infra-estrutura, o transporte público.A FIFA age como se fosse um 4º Poder no Brasil, manda e desmanda, os calendários escolares foram todos modificados em função da Copa, os conteúdos e os planejamentos estão todos comprometidos, devido aos jogos.

O Brasil precisa distribuir riqueza e melhorar a educação, precisamos garantir para a educação os royalties de petróleo, definir um percentual do PIB, valorizar profissionais em educação. É necessário mudanças rápidas, mas feitas com planejamento. A desburocratização da educação e sociabilização da educação é urgente , não é culpa do governo A ou B é uma herança cultural que nos impede de avançar, podemos ser o país do futebol com uma educação de qualidade, sem o povo sofrendo nos guetos, nas filas de hospitais. Já somos o país do futebol, não precisamos de Copa do Mundo agora, queremos ser o país da educação, da honestidade, uma sociedade Justa e Perfeita passa pela escola e não nos gramados de futebol.

Vítor Andrade

Profº de História

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