16 de nov. de 2009

19 de novembro - Dia da Bandeira

Outro dia estava observando uns livros de história de 5ª série, e lá falava justamente sobre a Bandeira Nacional, a imagem que se passa de patriotismo é muito distorcida, posso afirmar que fiz ensino fundamental e médio e nunca, ouvi o Hino da República, da Independência, da Bandeira, depois fui para a faculdade de História, pós-graduação e a mesma coisa. Já que ninguém me falou nada mesmo, deixa que eu falo para os outros. Resolvi, então, esclarecer um pouquinho os fatos.

Cabe lembrar que o Brasil só teve Hino Nacional e Bandeira após a sua Independência. É claro que entre o período de 1822 a 1831, ano em que D.Pedro II “assume infantilmente o trono”, não houveram mudanças significativas na organização estatal, ou na sociedade brasileira, a ruptura política e social é assunto para outro tema, mas por que então mencionar tantos fatos antes de se falar da bandeira? Por que o historiador precisa disso, ele precisa elucidar os fatos, como um construtor de uma parede, ou seja tijolo por tijolo.

Em 1808 quando D. João foge de Portugal para o Brasil, devido as invasões Napoleônicas, ele traz todo Estado português, e toda burocracia estatal. D.João ao contrário do que muitos falam não era um simples comedor de frango, era sim um grande estadista. D.João trouxe a primeira etapa da Independência do Brasil, a segunda veio apenas em 1815 no congresso de Viena, com o mapa europeu redesenhado. D.João sabiamente eleva o Brasil ao Reino Unido de Brasil Portugal e Algarves, com isso nós ganhamos uma bandeira e um brasão próprios, mas havia outros impasses, o Congresso proibia que países tivessem suas sedes fora da Europa. D. João sai do impasse diplomático unindo reinos e continua no Rio de Janeiro. Neste período, de 1808 à 1822, tivemos 4 bandeiras que serão mais adiante descritas.

Em 1820 explode a rebelião do Porto em Portugal, e em 1821, D.João VI resolve voltar a Portugal para contornar a situação. No campo político, a separação entre Brasil e Portugal se tornava cada vez mais evidente. Antes do retorno de Dom João VI a Portugal, ele já antevia que mais cedo ou mais tarde a emancipação política do Brasil viria a ocorrer. Consta que haveria dito a D.Pedro: Pedro se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar do que para algum desses aventureiros.

Assim o Brasil cada dia se separava mais de Portugal, mais ainda não havia a ruptura, o dia 9 de Janeiro o “Dia do fico” e o dia 07 de Setembro, é apenas a concretização das palavras do “comedor de frango” ou melhor D. João VI, aqui nota-se que a Independência foi fruto da vontade de um povo que não queria mais ser colônia, ou pelo menos uma parte dele.


Mas que isso tem a ver com a bandeira? Tudo. A Bandeira Nacional é o que faz o mundo reconhecer quem é seu país, ora se nesse momento éramos independentes, não podíamos mais usar a bandeira do Reino Unido de Brasil Portugal e Algarves, entra em cena então o patriarca da Independência: José Bonifácio, que já havia conhecido a Europa e sabia que para sermos independentes precisávamos de bandeira, de brasão próprio.

Quem compôs o Hino da Independência? D.Pedro I, e quem elaborou a bandeira foi José Bonifácio e Jean Baptiste Debret, desenhista e pintor de grande importância no Brasil de 1816 à 1830. Esta bandeira durou de 18 de Setembro à 1º de Dezembro de 1822.

Havia a tradição que a cada troca de reinado que se trocasse a Coroa desenhada na bandeira, essa foi a única mudança, o café e o tabaco continuavam presentes um pouquinho diferente seu formato mas ainda eram café e tabaco Esta bandeira do período Imperial, foi criada a partir do decreto de 18/09/1822, ainda ostentava um coroa real e não imperial, então em 01/12/1822 era trocada pela coroa Imperial.

Tinha o verde que representa nossas matas, o amarelo o nosso ouro, o azul nossos rios e as estrelas nosso céu... Nossas matas até hoje estão sendo destruídas pela nossa riquíssima herança colonial, o nosso ouro foi parar na Inglaterra, e nossos rios continuam até hoje sendo desrespeitados e destruídos.

Então vamos lá: D.Pedro I criou a maior Dinastia Européia na América com seu casamento com D. Leopoldina da Casa do Habsburgo da Europa, família rica e poderosa desde o Século XI na Áustria. O verde na verdade simboliza a casa dos Bragança, mas no Brasil, por que em Portugal a cor é o escarlate; o amarelo simboliza a casa de Lorena ou da casa imperial da Áustria ( Habsburgo); e para o losango existem várias versões, entre elas que D.Pedro utilizou o losango em admiração a Napoleão, afinal o Imperador era Bragança e Bourbon descendente de reis da França, onde o símbolo era utilizado em bandeiras de guerra, outra versão mais inusitada seria de que o losango teria sido uma homenagem à mulher, ou a sua genitália, pela admiração que o Imperador tinha pelas mulheres, fica a cargo do leitor escolher a versão. Este é o fim das bandeiras do Primeiro Império.


O Segundo Império foi um período conturbado, de guerras, conflitos, e imaturidade política, talvez nesse período houvesse investida de rupturas, mas não eram rupturas nacionais ou políticas e sim rupturas regionais ou locais, mas o que isso tem haver com a bandeira? A bandeira do império de Pedro I tinham 19 estrelas e a de Pedro II 20, devido a criação da província de Rio Negro (Amazonas) e nenhuma ligação com a Teresa de Duas Sicilias sua esposa e mãe de princesa Isabel. Na verdade D. Pedro II tinha mais coisas a fazer ao invés de mexer com bandeiras, até mesmo tirar um cochilo.


Essa bandeira do Brasil durou até proclamação da república 15 de Novembro de 1889, tendo sido substituída pela bandeira provisória do Brasil que durou 4 dias, bem parecida com a do Estados Unidos da América, mas com o Verde, Azul, e 20 estrelas brancas, da República Federativa dos Estados Unidos do Brasil, criada no Centro Republicano Lopes Trovão no Rio de Janeiro. Ainda bem que o projeto não foi adiante, pois muitos golpistas e políticos queriam esquecer de vez todas as lembranças do período imperial. O Maçom Deodoro da Fonseca resolve manter o mesmo padrão da bandeira do Império, retirando apenas a Coroa Imperial, mas houveram muitos projetos pela mudança da Bandeira Nacional: um deles do Maçom Barão do Rio Branco Mas foi vencedor o projeto de Raimundo Teixeira Mendes, desenhado pelo pintor Décio Vilares e instituída com o decreto Nº 4 de 19 de novembro de 1889. O losango diminuiu e uma esfera azul com 21 estrelas, representando um globo celestial substituiu o escudo ou brasão imperial. Essa esfera ao contrário do que dizem, representa a esfera azul que foi utilizada na Confederação do Equador, que afinal de contas tinha sido uma revolução de ideais republicanos.


Esse decreto foi redigido pelo Maçom Rui Barbosa, assinado pelos maçons Campos Sales, Nicolau dos Santos Vergueiro, Quintino Bocaiuva entre outros, aqui fiz questão de citar os maçons para justificar sua influência no período republicado, e para mostras como eles estavam em volta de Deodoro da Fonseca.

O Artigo 11 do decreto Nº 4 de 1889 diz: “A bandeira adotada pela República mantém a tradição das antigas cores nacionais: verde e amarelo, do seguinte modo, um losango amarelo em campo verde, tendo no meio a esfera celeste azul e pontuada por 21 estrelas...”

Percebe-se que o texto diz esfera celeste azul, e não esfera azul celeste, pois a idéia era representar o céu do Rio de Janeiro na hora da proclamação da República aproximadamente as 08:30 da manhã, mas me respondam como podemos ver estrelas brancas num céu azul claro àquela hora? Então em 1992 a lei 8421, que dispõe sobre os símbolos nacionais, não especifica quais as tonalidades das cores.

O lema Ordem e Progresso de origem positivista defendido por vários fatores, entre eles que não se queria mais vincular a República ao império. Teixeira Mendes era positivista, nem todos concordaram com a idéia, mas como muitos republicanos eram positivistas a frase ficou. A data de 19 de novembro evidentemente é devida a data em que foi decretada a Bandeira Nacional. Outro fato interessante sobre a data é que 19 anos mais tarde, ou seja 1908, numa cerimônia fúnebre de guardas da marinha, um sacerdote católico romano haveria se recusado a cobrir o caixão com a bandeira ao menos que se cobrisse o lema: Ordem e Progresso. Houve pancadaria e a partir do incidente foi redigido um manifesto assinado por Lauro Sodré, Tasso Fragoso, Olavo Bilac, sugerindo que se fosse comemorado anualmente o 19 de Novembro como o DIA DA BANDEIRA. Cá entre nós, é de arrepiar ouvir o Hino da Bandeira.

A letra do Hino à Bandeira foi escrito por Olavo Bilac e a música composta por Franciso Braga. Ele foi apresentando pela primeira vez em 9 de novembro de 1906.

1502 a 1816

Reino Unido de Brasil, Portugal e Algarves






Bandeira Provisória: Após a Independência








Bandeira do Império






Primeira Bandeira da República




Bandeira Atual


3 de nov. de 2009

Antes que você esqueça...

Existe um projeto secular, que foi revirado a pouco tempo, foi polêmico, foi contemplado em vários jornais, mais está sendo esquecido: O Projeto de transposição do Rio São Francisco. Você meu amigo leitor sabe o que é esse Projeto? Se a resposta for sim quero que você tenha total liberdade de discordar ou concordar com minhas palavras, se a resposta for não, vou tentar explicar de uma maneira bem simples.

O Rio São Francisco teve sua primeira visibilidade história com Américo Vespúcio ainda em 1501, ou melhor a foz do Rio, como manda a tradição recebeu este nome devido ao Dia do Santo, ele foi descoberto no Dia de São Francisco ainda a gestão do Governador Geral Tomé de Souza, aqui não descreverei localização e nem geografia do Rio, e sim quero falar da sua Geopolítica, até mesmo por que eu alimentei o sitio WIKIPÉDIA de informações e para não ficar um texto chato e ambíguo.

No vale do São Francisco encontra-se uma variedade de fauna e flora, ultimamente a uva e o vinho produzido no Vale tem surpreendido o Brasil e o mundo, a região sul do Brasil que tradicionalmente é o maior produtor do setor, tem 1 safra por ano, e a cada ano mais prejudicada devido a estiagem e as chuvas é o famoso 8 ou 80, e o nordeste já se têm 2 safras por ano.

O Brasil Imperial já havia se preocupado com a questão do São Francisco, ou melhor já havia percebido a importância dele a riqueza, mas há um erro histórico ao se pensar que a transposição era apenas para diminuir a pobreza da região, ali não havia a população que tem hoje e nem o império se preocupava com isso, a oligarquia morava nos centros urbanos do litoral, muitos povos que vivem no interior não sabem nem como foram para ali, quem fundou a cidade como ela se desenvolveu, assim é com minha própria família. Primeiro fato desvendado sobre a transposição.

O Rio São Francisco possui 5 hidroelétricas, e por que o nordeste está até hoje as escuras? A CHESF foi criada em 1945 pelo Governo Vargas para que? Para alimentar latifúndio e grandes agricultores e produtores rurais,pois todos sabemos que o Brasil neste momento era basicamente agrário.

Foram retomadas várias discussões sobre o “ VELHO CHICO”, (que em pouco tempo estará em fase terminal e não deixará herança para os herdeiros), foram criados comitês em prol da revitalização, CODEVASF, IBAMA, MMA, universidades, sociedade civil, e todos cientes do problemas, pois há falta de fiscalização tanto físico, quanto orçamentário, os EIA( Estudos de Impacto Ambiental), RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) pelo lado do governo é aprovado, pela academia contestado, e sabe por que, por que a academia estuda, a academia não contrata gerenciadoras para o fazerem. O custo total da Obra é de R$4,5Bilhões, mas que custará R$20Bilhões, quase o custo da Olimpíada e Copa do Mundo, o Ministério da Integração Nacional responsável pela obra, “fiscaliza a Obra” e quem fiscaliza o Ministério? O TCU? As contas não estão apenas nos recursos liberados para construção das obras,devem ser fiscalizadas diárias de servidores, viagens, recurso com combustível.

Fala-se muito do custo, das inviabilidades, mas a imprensa, algum veículo de comunicação já andou nas dependências dos órgãos que fiscalizam o projeto? Há menos de 3 meses os engenheiros, analistas e especialista em infra-estrutura, que passaram por concurso público, de provas, títulos, entrevista e apresentação de portfólio, sabe onde eles estavam? No corredor do 7º andar do ministério da Integração nacional, em pé, e hoje estão sentados, em cadeiras que são coladas com fitas adesivas, sem computador, sem impressora, um aparelho telefônico para cada 5 engenheiros, num espaço físico de 4m² para 5 pessoas.

Os lobistas estão mais presentes que o ministro falta atender ao telefone, mas alguém já viu isso? Apenas eu vi? Como querem que o projeto vá em diante? Terceirizando engenheiros? A carreira de analistas não tem apoio claro de ninguém nem do ministro o que se vê é papo de político, ou seja estamos vendo, porque a carreira não corre tão rápido como se fala em aumento de verba de gabinete ou salário de parlamentar?.

É meu amigo as pessoas estão esquecendo, e o projeto indo a diante, muitos podem pensar que a transposição é para encher copo d’água de pobre, mas aonde isso vai acontecer no Brasil? Fala sério, é para abastecer grandes empresas que obtém grandes lucros e pagam muito mal aos funcionários, existem dezenas de ONG´s em prol da Amazônia e cadê as ONG’s em prol da transposição?contra até existem mas e a favor?

Prá quem ouviu Luiz Gonzaga o Rei do baião, Gordurinha, Sivuca, Patativa do Assaré, Caetano Veloso, elogiarem e cantarem para o Velho Chico, que guarde na memória, pois em pouco tempo o espaço que estão usando para transpor o Rio São Francisco e o próprio rio, poderão ser asfaltados e transformados em rodovias que tal?, pois secarão. E o velho Chico que vens de minas, e continuará sem rádio sem noticia e continuará sem ser terra civilizada. Copa do Mundo, Olimpíadas, Transposição do Rio São Francisco, haja dinheiro e ainda tem gente que diz por aí que o Brasil é pobre.

Riacho do Navio

(Luiz Gonzaga e Zé Dantas)

Riacho do NavioCorre pro Pajeú
O rio Pajeú vai despejar no São Francisco
O rio São vai bater no meio do mar
O rio São Francisco vai bater no meio do mar
Ah! se eu fosse um peixe ao contrário do rio nadava contra as águas
E nesse desafio saía lá do mar pro Riacho do Navio
Saía lá do mar pro Riacho do Navio
Pra ver o meu brejinho fazer umas caçada
Ver as "pegá" de boi andar nas vaquejada
Dormir ao som do chocalho e acordar com a passarada
Sem rádio e nem notícia das terra civilizada
Sem rádio e nem notícia das Terra civilizada.