6 de mai. de 2012

A.'.G.'.D.'.G.'.A.'.D.'.U.'.
Abolição da Escravatura.
*Prof.’. Vítor Andrade.’.

A lei 3.353 de 13 de Maio de 1888, foi assinada  pela então Princeza Imperial Regente, Dona Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, mas este é apenas o desfecho de uma história de dolorosos capítulos de um problema não totalmente resolvido, onde tem inicio, meio e esperamos o seu fim.

A termo escravidão vem do latim SLAVUS, ou SLAVO,SCRAVUS  que significa uma pessoa ser dependente ou dominada da outra, acredita-se que em vários períodos da história muitas pessoas de etnia Slava foram capturadas e escravizadas. A escravidão está presente na Idade Antiga, presente no cotidiano do povo Grego, Romano, Hebreu, enfim a escravidão sempre existiu, mas, temos que deixar de lado um pouco a historiografia geral e focarmos o olhar na abolição da escravatura no Brasil.

Existem alguns pontos a serem considerados para entendermos a abolição no Brasil, o primeiro é que os africanos  já haviam sendo escravizados e escravizando desde a época das Cruzadas, a escravidão era um mercado bom e lucrativos para principalmente os Árabes. Outro ponto é que os próprios africanos como por exemplo na costa do Benin, Angola, eram povos que guerreavam entre si, e que naturalmente os perdedores desses conflitos serviam de escravos aos outros povos.

Entre os Séculos XV e XVI, a mundo  viveu o períodos das Grandes Navegações, o que para o período pós renascimento, ao qual o homem experimentaria novas vivências, entre elas descobrir novas terras, nesse novo contexto, Espanha e Portugal sairiam a frente, pois há indícios de que muito tempo antes já haviam outros povos explorando várias partes do planeta, no caso do Brasil os portugueses começaram a negociação escravista com a áfrica no século XIV no processo de colonização do continente, a África era um continente modestamente rico, pois fazia comercio com os árabes por muitos  séculos, trocavam escravos, ouro, marfim e em troca recebiam  jóias, sal, e alguns utensílios, data-se que em 1415 Portugal teria atacado violentamente Ceuta hoje localizada ao norte da África e parte da Espanha, sendo assim a primeira imposição de força para obtenção de escravos e outras riquezas.

O Brasil em 388 anos de escravidão recebeu aproximadamente 6 milhões de negros vindos da África,  uma  razoável quantidade de  escravos eram de origem islâmica, e outros tinham religiões próprias e oriundas da própria África, em termos de organização não se pode pensar que os escravos eram pacíficos diante de tal exploração, houveram Levantes populares, mortes, e fugas, e aqui cabe lembrar da formação dos quilombos. Por outro lado os índios foram sendo dizimados mas não tinham como características serem escravos,  a Igreja por um lado era contrária a escravização dos índios, já em meados do século XVIII o marquês de Pombal resolve proibir  a escravidão indígenas  por motivos políticos e econômicos.

A escravidão no Brasil passou pelo ciclo do ouro, da cana de açúcar, do café, mas com a chegada da família Real a situação começou a mudar, a corte precisava de serviçais, e o Estado também, e a mão-de-obra escrava negra era a mais utilizada. A corte não pretendia o fim da escravidão após a Independência em 1822 a escravidão viria a ser discutida por vários fatores, o próprio príncipe regente D.Pedro I não concordava com a idéia de escravidão, José Bonifácio de Andrada e Silva defendia a idéia de eliminação gradual da escravidão. Em 1831 após a abdicação do trono de D.Pedro I em favor do seu filho, e por pressões da Inglaterra forçaram o Brasil a declarar libertos todos os africanos que desembarcassem no Brasil, nosso Regente Feijó, haveria dito: “  é uma lei só para inglês ver”.

Já no segundo Império D. Pedro II, até mesmo pela sua formação moral e cívica , não tinha real noção do que seria mexer na questão da escravidão no Brasil, quando é decretada a Lei Bill Aberdeen e 1845 o Imperador tinha 20 anos, e tinha que governar desde o golpe da maioridade, sabia também que politicamente tinha que se sustentar com a Inglaterra, e que levou o Brasil a decretar paralelo a isso a lei Eusébio de Queirós, a lei proibiria o trafico mas não alteraria a condição de escravos no Brasil. Aqui cabe enfatizar vários homens livre e de bons costumes que trabalharam para abolir de vez e escravidão no Brasil, Eusébio de Queirós, Luis Gama, Antonio Bento, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Ruy Barbosa, todos pertencentes a Maçonaria Brasileira, que funcionava em sua maioria pelo fim da escravidão no Brasil, inclusive Lojas compravam cartas de alforria.

A Lei do Ventre Livre, foi elaborada pelo Maçom e diplomata Barão do Rio Branco, que teve uma brilhante atuação na política brasileira reformou o judiciário, ampliou a lei do habeas corpus entre outras, em 1871 aproveitando a viagem do imperador à África, apresentou a Lei do Ventre Livre a princesa Isabel, lei que considerava livres todos os filhos de escravos nascidos a partir da sua data, a expressão ingênuos era usada aos filhos de escravos nascido a partir dessa data, e podiam escolher ou serem recolhidos pelo Poder Imperial ou ficar com os seus pais nas casa dos senhores de engenho até completarem 21 anos, sem muita opção acabavam ficando com os pais e logicamente com os senhores de engenho voltando a condição de escravidão, às vésperas da abolição total dos 400.000 ingênuos, somente 118 ingênuos foram entregues ao governo - os proprietários optavam por libertar escravos doentes, e deficientes físicos .

A Abolição da escravatura foi o “apagar das luzes” do governo Imperial, já desfragmentado, já em crise, e que ainda por cima sofria forte pressão da Inglaterra para que fosse proclamada, mesmo com a proibição do tráfico negreiro de 1850, com a Lei do Ventre-Livre de 1871 e com a lei Saraiva de Cotegipe ou dos Sexagenários de 1885. A abolição era uma causa defendida por alguns clérigos, por jornalistas, políticos e muitos Maçons entre tantas personalidades que foram fundamentais no processo. Evidentemente que havia uma boa parte do parlamento contra a abolição, tendo em vista que o Brasil tinha sua base de sustentação econômica voltada para a agricultura.

Ao perceber que já não havia mais o que fazer e visto que a proclamação da República iria ocorrer, logo foi levantada a idéia de indenização a todos os senhores de terras, engenhos e latifúndios, mas a Coroa não dispunha de recursos para suprir tal indenização. Percebendo que o Estado não indenizaria esses senhores, eles resolvem então aderir ao Republicanismo e a oposição a Coroa
No Dia 13 de Maio de 1888 data escolhida pela princesa Isabel em homenagem a data de nascimento do seu Bisavô D.João VI, o Brasil tornava livres seus escravos, é um romance histórico todo o enredo, mas os problemas ainda não haviam sido sanados, não houve uma política de reparação de danos nem a escravos nem a Senhores de escravos, o que agravou a crise política e social do Império. Os negros se viam perdidos e perambulando pelas cidades e pelos campos, não houve uma política de reforma agrária. Há uma possibilidade gigantesca de que se tivesse sido feita reforma agrária neste  período as diferenças sociais do Brasil seriam menores. A Coroa havia perdido um pilar muito importante na sustentação de seu governo que eram as elites agrárias e senhores de escravos, O fim do tráfico negreiro enfraqueceria a economia e a Coroa deveria criar alternativas para sair da crise, o que não conseguiu fazer.

O Haiti foi o primeiro país a abolir a escravidão1794, colônia francesa e o último país a abolir a escravidão foi a Mauritânia em  1981.

Prof.’. Vítor Andrade.’.
Professor de História
Pós Graduado em História da Maçonaria
Diretor do SINPROEP-DF

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